Tendência: carência de mão-de-obra no sector do Turismo em 2022
Este ano, a indústria do Turismo global foi afectada por uma escassez de mão-de-obra, tendo-se situado o déficit de empregados no sector nos Estados Unidos em cerca de 700.000 trabalhadores. O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) prevê que, em 2022, 1 em cada 13 empregos ficará vago e alerta que a falta de mão-de-obra afectará a retomada da actividade. Uma realidade que atinge o sector em todas as latitudes.
De acordo com o relatório do WTTC e Oxford Economics, durante o segundo semestre de 2021 havia 6,6 milhões de vagas de emprego no Turismo somente nos Estados Unidos, “com uma escassez de mão de obra projectada de 690.000, o que equivale a uma em cada nove vagas não preenchidas, representando um déficit de 11%”.
À medida que as taxas de desemprego diminuem e a procura de viagens aumenta, as empresas do sector procuram activamente o preenchimento das vagas disponíveis. “A recuperação económica dos EUA pode ficar seriamente ameaçada se não tivermos gente suficiente para preencher essas vagas à medida que é retomada a actividade”, afirma Julia Simpson, presidente e CEO da WTTC, lembrando que a sobrevivência das empresas do sector também corre riscos por falta de pessoal.
A perspectiva para 2022 "é apenas um pouco mais positiva", pois cerca de 480.000 empregos directos permanecerão por preencher. E embora pareça que os problemas sejam restritos a uma questão de oferta e procura e que acabarão por se ajustar gradualmente ao longo do próximo ano, o WTTC acredita que "o problema provavelmente persistirá"
O WTTC argumenta que é importante que governos e empresas do sector a nível global, implementem medidas para facilitar a mobilidade da mão-de-obra e o trabalho remoto, e que sejam adicionalmente fornecidos sistemas de segurança de redes para o ambiente digital. Por sua vez, recomendam esforços no sentido de se reter talentos e promover a educação e capacitação da força de trabalho. Procuram-se hoje profissionais com liderança, empatia e perfil digital, necessitando as empresas de implementar uma gestão atenta de fixação de talentos.
Uma crise global
Como resultado da pandemia COVID-19, muitos governos lançaram acções para salvar empregos, mas apesar destes esforços, 62 milhões de empregos no sector de Turismo foram perdidos em todo o mundo. Este ano, embora as restrições à mobilidade tenham sido mais flexíveis do que em 2020 e a procura a mostrar tendência crescente, "a oferta de mão-de-obra não conseguiu fazer face ao crescimento da procura turística e de mão-de-obra, especialmente durante o segundo semestre de 2021". Não se trata de um problema específico de um país ou região, estando também a ser observado para além dos E.U.A., em inúmeros países como em Itália, França, Portugal, Reino Unido e Espanha em que o pessoal disponível tem-se mostrado escasso.
Segundo o portal de emprego vocacionado para o Turismo Turijobs, a fuga dos trabalhadores ameaça a recuperação do Turismo em 2022, antecipou este portal que 48% das empresas de hotelaria e Turismo estão a sofrer uma fuga de talentos, que 75% dos utilizadores do portal fazem uma procura activa de emprego, e que 43% dos utilizadores da Turijobs estão à procura de oportunidades fora do sector de Turismo. No caso do Reino Unido, para além da pandemia e das severas restrições introduzidas, a falta de pessoal que está a tingir os hotéis britânicos também está a ser considerado um efeito adicional criado pelo Brexit.
27 Dezembro 2021